Há dois anos, Filipa Jordão, professora de música, e Joana Tadeu, criadora de uma rede de curadoria sustentável, mudaram hábitos e seguem um estilo de vida baseado no movimento Zero Waste, ou Lixo Zero, em português. Têm uma rotina minimalista e de pouco ou nenhum desperdício.
Ambas fazem parte de uma comunidade que está a crescer em Portugal. No Facebook a página Lixo Zero Portugal tem mais de nove mil seguidores. Foi criada por Ana Milhazes, professora de yoga no Porto, que conheceu o movimento em 2016. Atualmente, no contentor de lixo de Ana há apenas pelos do seu cão: “Curiosamente existiam muitas pessoas que procuravam este estilo de vida. Queria organizá-las, para juntos encontrarmos alternativas de hábitos zero desperdício.”
Ana Milhazes, Joana Tadeu e Filipa Jordão inspiram-se nas dicas da francesaa Bea Johnson, considerada guru e pioneira do movimento. Bea, que vive nos Estados Unidos, lançou em 2013 o livro “Desperdício Zero”, no qual mostra como a sua família vive desde 2008 sem produzir lixo. O livro já foi traduzido para mais de 20 línguas. Tudo o que ela, o marido e os dois filhos adolescentes produzem de lixo num ano cabe num frasco de 1 litro.
Como ser lixo zero?
As palavras de ordem são reduzir, reutilizar e reciclar. Reduzir aquilo que é necessário para viver, reutilizar tudo que seja possível e como último recurso reciclar o que não se pode reduzir ou reutilizar.
Para seguir o movimento, uma dica é tirar inspiração dos hábitos de antigamente. “Se voltar a usar coisas que os avós tinham conseguimos reduzir o lixo”, diz Ana Milhazes. Um exemplo é substituir produtos de utilização única por objetos reutilizáveis como lenços e guardanapos de pano e o saco para ir buscar pão.
Comprar a produtores locais, preferir alimentos a granel e escolher artigos de higiene pessoal artesanais e orgânicos, vendidos sem embalagens, também são opções para fazer menos lixo.
Em dois anos, Filipa Jordão e Joana Tadeu conseguiram encontrar alternativas para reduzir o consumo de plásticos e outros materiais que não podem ser reutilizados ou reciclados.
Os guias para seguir este estilo de vida multiplicam-se pela internet e passam de boca a boca, tornando-o cada vez mais acessível. As tendências do "Do It Yourself " também encaixam no movimento, com inúmeras receitas e fórmulas para fazer produtos de limpeza e higiene em casa. Segundo os adeptos desta corrente, o grupo de consumidores que se junta aos esforços de redução do lixo é cada vez maior e está a levar o mercado a adaptar-se.