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Teatro & Dança

Teatro: Matar espectadores mortos

Em “RE: Antígona”, o Teatro Praga faz renascer das cinzas o experimentalismo artístico

André e. Teodósio (à esquerda) é um dos criadores da peça, na qual veste a pele de Creonte
João Tuna

Como matar Antígona? Esta poderia ser uma forma de entrar pela nova criação do Teatro Praga, “RE: Antígona”. Antígona — a personagem — morre na versão original de Sófocles. Não é apenas dessa morte que tratam os Praga no espetáculo. Aqui, ela morre novamente (a personagem e a peça) e os Praga garantem um funeral honesto: é a libertação da utilização ‘tokenizada’ desta figura da tragédia grega e a visão redutora que polariza Creonte como ditador e Antígona como heroína e mártir, como disse André e. Teodósio ao Expresso. “RE: Antígona” é sobre muitas mortes, inclusive “a morte do espectador morto”, como escrevem André e. Teodósio e J. M. Vieira Mendes (criadores da peça) no texto de apresentação, referindo-se ao espectador de um teatro que já não existe, experimental, irritante e até frustrante.