Há um contraste óbvio entre o design das capas dos álbuns “Pursuance: The Coltranes” e “Phoenix”: no primeiro, que data de 2020, a saxofonista nova-iorquina Lakecia Benjamin, sentada e com o seu instrumento ao lado, veste de celestial branco e está voltada para a esquerda, com o fundo igualmente alvo a sublinhar a jornada espiritual que esse álbum documentou através da recriação de peças-chave das obras de John e Alice Coltrane; no novíssimo “Phoenix”, por outro lado, a artista, voltada para a direita, veste um resplandecente conjunto dourado que combina com a cor do seu saxofone, sendo retratada sobre fundo rubro que remete para a história mitológica da ave que renasce das cinzas após a combustão. A mensagem parece ser clara: a artista que teve um grave acidente de viação em 2021, em que, entre vários outros ferimentos, partiu o maxilar, colocando em risco a sua capacidade de tocar, renasce neste novo trabalho em que não apenas reafirma a sua condição de inventiva solista com voz própria num dos instrumentos com maior tradição na história do jazz, mas também explora uma veia composicional que decididamente lhe alarga o campo de expressão artística.
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