Exclusivo

Música

Mary Halvorson, genial guitarrista, está suspensa entre dois mundos. Nós é que agradecemos

“Amaryllis” e “Belladonna”: dois álbuns tremendos daquela que será, provavelmente, a melhor guitarrista de jazz contemporânea

Mary Halvorson, uma guitarrista em estado de graça
michael wilson

Rui Miguel Abreu

Nos últimos dois anos ouvimos a guitarrista Mary Halvorson à frente dos fantásticos Thumbscrew — trio com os pesos pesados Michael Formanek e Tomas Fujiwara — e Code Girl, outro projeto em que além da secção rítmica de Formanek e Fujiwara participam outros músicos, como a saxofonista Maria Grand, o trompetista Adam O’Farrill e a vocalista Amirtha Kidambi. Também a encontrámos a repartir créditos com a pianista Sylvie Courvoisier e ainda a fazer horas extraordinárias em bandas de John Zorn, Susan Alcorn, Noel Akchoté e Myra Melford.

Amaryllis Belladonna é o nome científico de uma planta da África do Sul que é hoje comum em muitos outros territórios, incluindo o português. A guitarrista de Boston há anos estabelecida em Nova Iorque escolheu essas palavras para titular dois registos muito diferentes, embora complementares: em “Amaryllis”, Halvorson dirige um ensemble que conta com Nick Dunston no baixo, Tomas Fujiwara na bateria, Jacob Garchik no trombone, Adam O’Farrill no trompete e Patricia Brennan no vibrafone. O quarteto de cordas Mivos participa ainda em três das faixas desse álbum. Em “Belladonna”, por outro lado, à guitarra de Mary Halvorson juntam-se apenas as cordas desse mesmo quarteto nova-iorquino que já escutámos também, por exemplo, em trabalhos do trompetista Ambrose Akinmusire, da cantautora Zola Jesus ou do guitarrista Patrick Higgins.