Pouco depois de ter pintado o cabelo de azul, Elsa M. Anderson, famosa pianista de 34 anos, abandona a meio o “Concerto para Piano Nº 2” de Rachmaninov, saindo do palco no Salão Dourado, em Viena, depois de dois minutos e 12 segundos em que se desligou da orquestra, tocando outra coisa, música sua que o maestro depressa silenciou. Naquela noite dá-se como que um rasgão na sua vida. Tudo o que fora até àquele momento começa a “desmanchar-se” e a sua existência, cada vez mais “porosa”, passa a ser uma procura de sinais, de “razões para viver” e de ajustes de contas há muito adiados com as suas origens.
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Livros: A arte da fuga em “Azul de Agosto”, de Deborah Levy
No primeiro livro de uma notável trilogia autobiográfica, Deborah Levy tinha assumido que a “hesitação” é o elemento essencial da sua escrita. "Azul de Agosto", o novo romance, prova-o à saciedade