Sejamos honestos: quantos portugueses se entretêm hoje com “Os Lusíadas” ou mesmo com uma obra mais curta como “Sôbolos Rios que Vão”, peça final da antologia no presente volume? Não que se leia muita poesia recente, mas é natural que jovens que estudaram “Os Lusíadas” no liceu fiquem sem vontade de revisitar um autor que, ao fim e ao cabo, é imperialista, racista e outras coisas mal vistas. Frederico Lourenço destaca evidências disso no canto X dos “Lusíadas”, e não é só lá que elas aparecem. Mas devemos reconhecer que Camões fala delas en passant (exceto o imperialismo) e que se limita a refletir os conceitos do seu tempo, que já foi há algum tempo.
Exclusivo
Livros: O Camões pessoal de Frederico Lourenço
Em “Camões — Uma Antologia”, o classicista Frederico Lourenço propõe um itinerário pelos versos do autor de “Os Lusíadas”, discutindo a receção crítica ao poeta e explorando as suas raízes clássicas