“Temos de impedir esse cérebro de pensar durante 20 anos”, terá dito o procurador que acusou Antonio Gramsci (1891-1937) no julgamento deste, em 1926. Na altura, esse filho da Sardenha, criado na miséria e capaz de transcender as suas circunstâncias para estudar e se tornar o principal intelectual marxista do seu país, fundando o PC italiano e produzindo o jornalismo percetivo (p. ex., sobre a revolução russa) de que a primeira secção do presente livro dá uma boa amostra, já era uma figura notória. Gramsci passaria os últimos 11 anos da sua vida na cadeia, mas isso não o impediu de pensar, e muito menos de escrever.