Embora sempre se tenha considerado um poeta, Roberto Bolaño ergueu-se ao panteão da literatura contemporânea em língua espanhola como ficcionista. A ironia está no facto de o escritor chileno só se ter dedicado plenamente à escrita de romances e contos, a um ritmo frenético, na última década de vida, quando percebeu que lhe restava pouquíssimo tempo (sofria de uma doença hepática incurável e o transplante de fígado pelo qual esperava nunca se concretizou). Entre os 40 e os 50 anos, escreveu ficção furiosamente — perto de 20 livros, vários dos quais só publicados após a sua morte — para garantir o bem-estar económico futuro dos dois filhos. Desse afã que o levava a escrever praticamente a tempo inteiro, sem pausas, nasceu um corpus narrativo extraordinário, sem dúvida um dos mais fulgurantes do período de transição entre os séculos XX e XXI.
Exclusivo
Livros: A poesia incorrigível de Roberto Bolaño
Avassaladora e desigual, a obra poética de Roberto Bolaño reflete a biografia instável do autor, funcionando como antecâmara lírica das suas ficções