Poucas séries fotográficas dos anos 80 terão sido tão decisivas não apenas para a geografia da fotografia nesse tempo, como para a imagem da própria década, como “The Ballad of Sexual Dependency” da norte-americana Nan Goldin, iniciada no final dos anos 70 e prolongada até 1986. Essas imagens que surpreendem, sem véus, o quotidiano da própria fotógrafa e a sua trupe mundana de amigos, mostram uma tumultuosa comunidade intensamente livre do ponto de vista comportamental (emocional, sexual) mas também atravessada pelo universo das drogas pesadas com seu misto de companheirismo e violência. O que impressiona nela é sempre o seu cruzamento de afetos, a variedade de pessoas e conciliações identitárias (artistas, prostitutos, junkies, músicos), mas também a violência e melancolia que contrasta com a imagem eufórica do clubbing nova-iorquino de então ou a energia criativa das new wave e no wave.