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Exposições: A casa de Fernão Cruz é um jogo de espelhos

“Outro”, a mais recente exposição de Fernão Cruz, evoca a cada momento um outro, sempre invisível, mas sempre presente. No Rialto6, em Lisboa

Vasco Stocker Vilhena

É assim, desde que nele tropeçámos: uma densidade cenográfica anima cada nova apresentação da obra de Fernão Cruz, embora até agora isso tenha acontecido sempre de maneira diversa. Aqui, ela exibe uma feição mais coesa, como se estas esculturas e pinturas formassem uma fotografia, um momento petrificado ou um palco pronto a receber uma peça de teatro. Cruz é o artista da sua geração no qual a dimensão biográfica é uma fonte mais reconhecível e vincada. Nele não há retórica, mas dor, perda, incomunicabilidade, vertidas em imagens que se arremessam contra a nossa própria experiência, que viajam nos objetos, numa torção da sua materialidade, massa ou solidez (que vai da perenidade do bronze à efemeridade da cinza) que é ela própria um índice psicológico ou emocional. Sempre com mais gravitas do que sentimentalismo.