Toda a exposição vive de uma presença independentemente do tipo das peças que a constituem e mais, independentemente do tempo delas, seja ele antigo, presente, ou anúncio de futuro. “50 anos de Abril na SNBA”, com curadoria do pintor Jaime Silva e do prof. João Paulo Queiroz, dedicada “aos associados efetivos que permanecem ligados à Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA), habilitados com formação específica em arte e com percurso de intervenção ao longo destas décadas” (João Paulo Queiroz), é uma exposição comemorativa e celebrativa que de imediato me mergulhou no passado, pois quer as obras que apresenta quer a montagem acentuam uma das imagens mais antigas e tradicionais da SNBA, o Salão; uma tradição que vem de 1913 com a abertura, no edifício-sede da Rua Barata Salgueiro, de uma sala de exposições com 50 por 17 metros. Muita da história da SNBA se fez em torno desse espaço e dos salões que ele albergou, bem como de muitas outras exposições de grupo. O Salão também foi um intencional contraponto ao comércio de arte nos tempos da explosão marcelista das galerias comerciais, apoiando a vontade de independência dos artistas que não entravam no circuito galerístico. Esse apoio foi bem definido por Rui Mário Gonçalves já no fim da ditadura na “Exposição 73”, na SNBA, ainda com júri, e no Salão de março de 1974, sem júri, claramente apresentado como uma alternativa possível à exposição comercial ambas antecedendo (prevendo?) a crise que se desencadeou depois do 25 de Abril.
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Exposições: O 25 de Abril e o tempo no Salão da Sociedade Nacional de Belas Artes
Entrar agora no Salão da SNBA, a propósito da exposição que assinala os 50 anos do 25 de Abril, foi sentir aquele espaço aberto à participação livre e voluntária de artistas vivos e à capacidade que tantos tiveram para o interrogar o mundo e a arte. Mergulhemos no tempo sem sair desse mesmo lugar