Quase 50 anos volvidos sobre a Revolução de Abril, que reflexão ela nos pode merecer além das juras fáceis de amor à liberdade? O que ficou de 1974 talvez esteja melhor coado na forma como os mais jovens olham esse momento fundador, como apropriam e reconstituem a própria ideia de Liberdade. É o que tenta fazer “Sempre e Nunca Mais”, a exposição que reúne obras de 30 artistas em Elvas, sob curadoria de Ana Cristina Cachola (com Tiago Candeias). Veja-se, como exemplo, uma das obras mais empolgantes da exposição, “Vadios” (2018), de João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira, que, com grande economia de meios escultóricos mimetiza um espaço de urinol público, local de engate gay, cujas paredes foram forradas com frases poéticas ou mordazes, ecos de uma clandestinidade cívica e social imposta bem para lá do 25 Abril. A sua presença eloquente ajuda a caracterizar uma exposição que entende a liberdade no seu momento de dádiva, mas também como uma construção sempre inacabada.
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Exposições: em Elvas há “Sempre e Nunca Mais”, as liberdades a que temos direito
No Museu de Arte Contemporânea de Elvas, a exposição “Sempre e Nunca Mais” problematiza a memória e a relação que o 25 de Abril tem com o tempo presente