É uma surpresa e uma alegria mergulhar no salão grande da Sociedade Nacional de Belas Artes, “livres de paredes” (Nuno Faria, curador), soltos no espaço, rodando ou dançando em torno de um tapete. Ou será uma “jangada de pedra”, instalada no meio do salão nos seus leves três metros por sete, com os têxteis bordados ali ao lado ou com as pinturas, sempre costas com costas e duas a duas, num labirinto entre mito e memória, saudade e reminiscência. Poucas obras para um salão tão grande?
‘Lineamenta 3’ (2022-23), o tapete de pedra já referido, que é também uma surpresa; ‘Por alguns Dias 1, 2 e 3’ (2023), bordados sobre estopa de linho de grandes dimensões (300 x 400 cm e 300 x 200 cm), suspensos, (des)organizando o espaço onde as linhas bordadas mostram como “as águas que iam descendo/ tornavam logo a subir”, outra surpresa também; ‘Metamorfoses’, 28 obras bem recentes entre 2020 e hoje, e outras mais raras descendo no tempo até 1991, sempre aos pares, erguendo-se na vertical desrespeitando as linhas dominantes do salão, i.e., dançando no espaço, ora ocultando, ora desvendando as outras pinturas bem como os bordados e o tapete de pedra.