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Cinema: “O Esquema Fenício” é Wes Anderson embalsamado

No seu mais recente filme, Wes Anderson tem dificuldade em ressoar no meio do ruído de personagens secundárias e notas à margem

“O Esquema Fenício”, de Wes Anderson”

Se a coerência fosse, por si só, um valor estético, seria difícil negar o génio de Wes Anderson, que, desde “Os Tenenbaums” (2001), tem vindo a forjar um universo que se tornou imediatamente reconhecível pelo carácter hipersaturado e hiperajardinado das suas composições. Na maioria dos seus filmes, este trabalho (de) obsessivo-compulsivo constitui o pleno que contrasta com o vazio de figuras emocionalmente bloqueadas, que, de modo mais ou menos evidente, tentam encontrar o seu lugar num mundo que avança a uma velocidade mais rápida do que a sua (daí a predileção do cineasta por narrativas em aceleração constante, que se desdobram em episódios que parecem irrelevantes).