Que estranho filme é “Vincent Tem de Morrer” — e que diferença faz no atual panorama do cinema francês! Insinua-se com prazer no cinema fantástico, tem queda para o apocalíptico, mas apocalipses, nem vê-los, é ideia que se vai construindo na cabeça do espectador. Se é comédia ou filme de horror, no início nem se entende ao certo. Damos de caras com um pacato homem que trabalha como gráfico numa empresa e que não desperta especial simpatia. Ao aperceber-se que chegou um estagiário ao escritório, sai-se como uma daquelas bocarras imundas, “então se é estagiário porque é que ainda não me serviu um café?” A frase cai mal, é infelicidade para esquecer, mas o que também cai mal é o computador portátil que o estagiário, humilhado, arremessa impetuosamente, uma e outra vez, contra a cabeça do protagonista. São coisas que acontecem, mesmo a um tipo solitário e de bom coração. Manhãs de cabeça partida.
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Fábula paranoica ou metáfora do absurdo? "Vincent Tem de Morrer" é um filme que faz a diferença
Um homem pacato desata a ser brutalmente agredido sempre que olha alguém nos olhos. “Vincent Tem de Morrer”, belíssima estreia de Stéphan Castang, é levada aos ombros por um intérprete de eleição, Karim Leklou. Falámos com ambos. O filme estreia-se esta quinta-feira