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Cinema: “Nayola”, a primeira longa-metragem portuguesa de animação, chega às salas

Quatro décadas de guerras em Angola pelo olhar mágico de José Miguel Ribeiro, cineasta português de animação que consegue fazer um filme africano. “Nayola” é um milagre

No princípio era a guerra. Não há, mas podia haver um narrador que começasse “Nayola” nesses termos, porque, de facto, tão longe quanto a vista alcança, tão longe quanto as três personagens centrais lembram, a guerra era a realidade. Primeiro a luta de libertação contra os portugueses, depois o conflito fratricida a esquartejar Angola. Décadas de combates, mutilados, mortos, massacres, desalojados, miséria, horror. Guerra de onde não se volta, de onde não há verdadeira saída para os que a fizeram. À partida, uma peça de teatro, escrita por José Eduardo Agualusa e Mia Couto, a chegar às mãos do cineasta português José Miguel Ribeiro, um dos nomes maiores do nosso cinema de animação. “Foi um acidente”, contou-me ele uma tarde destas. “Conheci o Jorge António nos Caminhos do Cinema Português e passado algum tempo ele convidou-me a ir a Angola fazer um workshop de animação. Eu fui, e quando me vinha embora ele passou-me a peça para ver se me interessava fazer alguma coisa a partir dali. E interessou.”