“A Arte de Morrer Longe” não é um grande livro. Talvez devesse dizer ‘não é um livro grande’, de tal modo que a lombada mal se vislumbra entre “Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde” e “A Paixão do Conde de Fróis”. A ninguém passaria pela cabeça chamar-lhe romance, se bem que dimensão e estrutura excedem bem as de um conto. Novela, portanto — pertencente a uma fase da obra de Mário de Carvalho em que o autor, já com lugar garantido nas letras portuguesas, se diverte com a escrita; e mostra.
Temos, então, uma prosa onde o narrado e o narrador se envolvem, o quotidiano tem lampejos surreais, a história conta bem menos que os rodeios, tudo magnificamente tecido numa suculenta coloquialidade.