Agora que olhamos para o seu trabalho em retrospetiva, nota-se que quase todos os filmes que fez tocaram na ficção científica. O que é que o fascinou tanto nela?
Sempre a adorei. Desde miúdo, a ver televisão. Não era tanto pela magia, sonhava com outros planetas, outros futuros, com robôs. E depois li ficção científica amplamente. Não creio que um romance ou mesmo um conto desse género me tenha escapado nos meus tempos do liceu, no fim da década de 60. Passei pelos clássicos, pelos livros dos anos 20 e 30 aos Pulps e à Golden Age, depois veio a New Wave da ficção científica dos anos 60 e 70 e eu simplesmente lia-os vorazmente.
Os filmes também, as séries na TV?
Ah, sim, “Forbidden Planet” [“Planeta Proibido”, 1956] deixou-me marca profunda. E depois chegou aquele momento. Eu tinha 14 anos. E vi “2001: Odisseia no Espaço”. Foi uma epifania. Os filmes até essa altura eram para mim só filmes, nunca tinha pensado neles como uma forma de arte. E de repente surge aquela obra artística, a despertar-me a consciência. O impacto foi duplo porque eu prometi a mim próprio outra coisa: vou descobrir como é que eles fizeram isto. Os filmes já não eram só os atores, a história, o guarda-roupa e a maquilhagem... Aquilo era inexplicável. “2001...” é também um dos primeiros filmes que me lembro que teve um livro sobre a maneira como foi feito, escreveu-o Jerome Agel. E era bastante denso. Eu não compreendia nem metade do que lá estava mas forcei-me a lê-lo vezes sem conta até o perceber. Foi graças a esse livro que comecei a pesquisar coisas em áreas como a arquitetura e a construção de modelos, a fotografia, os efeitos especiais, etc. Foi a primeira vez que pus o pé no caminho do cinema.