As duas escolas públicas que este ano ocupam os lugares cimeiros dos rankings — entre os estabelecimentos onde se realizaram mais de 100 provas — são praticamente cópia uma da outra. Tirando os 300 quilómetros que as separam, quase nada diferencia a Soares dos Reis, no Porto, da António Arroio, em Lisboa. São ambas secundárias artísticas, com ensino especializado em Artes Visuais, frequentadas por alunos que partilham uma vocação. A coincidência é tanta que dificilmente será fruto do acaso. O que pode, então, explicá-la?
“No geral, os alunos do ensino artístico são extremamente motivados e têm grande empenho no que fazem. São jovens muito focados”, aponta Rui Madeira, diretor da António Arroio. Só assim conseguem aguentar uma carga horária de 40 horas semanais, quase o dobro da dos colegas do secundário “normal”, já que acumulam a formação específica na área com todas as disciplinas da componente geral. Esse grau particular de motivação, que advém de um sentido de vocação, é partilhado pelos jovens dos conservatórios de música e dança, que também conseguiram lugares de grande destaque nos rankings. Aliás, se olharmos para a tabela geral do secundário — que ordena todas as escolas independentemente do número de provas realizadas —, as primeiras seis públicas são todas do ensino artístico.