Foi a partir da Associação Cabo Verdiana do Seixal que os deputados e eurodeputados do PCP ouviram as queixas de imigrantes e de associações representantes da comunidade imigrante nesta câmara municipal comunista. Não tardou para que a situação da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) fosse trazida como uma das principais preocupações de quem escolheu Portugal para viver. “Nunca achei que pudesse ter saudades do SEF [Serviço de Estrangeiros e Fronteiras] e, neste momento tenho”, desabafou João Nobre, um dos cabo-verdianos presentes no jantar que encerrou o primeiro dia de Jornadas Parlamentares do PCP, esta segunda-feira, dia 20.
Os deputados do PCP garantiram estar ao corrente da situação e defenderam uma “mobilização dos serviços públicos” de forma a dar resposta ao entupimento da AIMA. “Temos o exemplo da vacinação para a Covid-19, mobilizaram-se serviços públicos para vacinar toda a gente num curto espaço de tempo. Agora, tem de se encontrar forma de mobilizar esforços rapidamente para criar uma forma das pessoas serem atendidas”, defendeu António Filipe.
As filas entupidas à porta da AIMA começaram a formar-se desde a semana passada, quando a entidade lançou a informação de que seria necessário o pagamento de uma taxa de 400 euros, nos dez dias seguintes, para os imigrantes manterem o processo de legalização em território nacional ativo. Além das dúvidas que se multiplicaram e da falta de resposta por parte da AIMA, houve mesmo pedidos de pagamento a imigrantes já legalizados. A situação de caos levou a que o Bloco de Esquerda e o Livre exigissem audiências ao presidente da AIMA e o PCP ao Ministro da Presidência, assim como um reforço extraordinário de recursos humanos e técnicos. “Não é aceitável que milhares de imigrantes tenham estes problemas. Esta agência tem de funcionar”, pressionou António Filipe, depois de ouvir os testemunhos.