Partidos

"Concorrência é sempre bem-vinda": Rui Rocha responde a manifesto de oposição interna

O presidente dos liberais acusa o líder socialista de estar empenhado em "fazer oposição ao PS de António Costa" com a carta "taticista" enviada ao primeiro-ministro

PAULO NOVAIS/LUSA

O presidente da IL, Rui Rocha, considerou esta segunda-feira que "a concorrência é sempre bem-vinda" em resposta ao manifesto apresentado por duas centenas de liberais para refundar o partido e cujo rosto principal de oposição é Tiago Mayan Gonçalves. "Estou empenhado nos problemas dos portugueses, na transformação do país, mas farei um comentário curto, será o único que farei relativamente a este tipo de questões: nós somos liberais e, portanto, damos sempre as boas vindas à concorrência", respondeu Rui Rocha aos jornalistas.

Em causa está o manifesto apresentado esta segunda-feira de manhã pelo antigo candidato presidencial Tiago Mayan Gonçalves -- que assumiu que, quando houver eleições na IL, estará pronto para encabeçar uma candidatura à liderança -- e cujo primeiro objetivo é "refundar o partido em valores e princípios liberais" e "apresentar uma liderança forte e carismática, verdadeiramente liberal".

"A manifestação democrática de alternativas não tem porque estar vinculada a calendários políticos", referiu o líder liberal quando questionado sobre o `timing´ da apresentação deste movimento de oposição em vésperas de eleições na Madeira e para o Parlamento Europeu. Rui Rocha apontou que a IL "às vezes" surpreende os portugueses pelo facto de se discutirem questões internas do partido "com emoção e com entusiasmo". "Mas isso não afeta depois a capacidade do partido se afirmar com as suas ideias. A concorrência é sempre bem-vinda é esse o ponto que quero sublinhar relativamente a isso", disse apenas, perante a insistência dos jornalistas.

Rui Rocha queria sobretudo falar sobre a carta que Pedro Nuno Santos tinha enviado ao primeiro-ministro para acusar o líder socialista de estar empenhado em "fazer oposição ao PS de António Costa" com a carta "tacticista" enviada ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, que deixou "grande parte do país de fora". "Trata-se da evidência e a confirmação de que Pedro Nuno Santos e o PS de Pedro Nuno Santos estão empenhados em fazer oposição ao PS de António Costa", acusou, considerando que isso não resolve os "problemas dos portugueses".

Apesar de subscrever a necessidade de olhar para as carreiras dos profissionais de saúde, dos polícias ou dos professores, o líder da IL criticou o facto de esta missiva deixar "uma grande parte do país de fora" e questionou se essas áreas não são uma prioridade para o PS.

Entre os exemplos do que não foi abordado, Rui Rocha apontou os alunos sem professores, utentes sem consultas e cirurgia a tempo ou as "famílias e empresas asfixiadas pelos impostos".

"Mais do que esta troca tacticista de cartas sobre um eventual orçamento retificativo - que se calhar nem vai existir - e esta demonstração de abertura, ela própria tacticista porque tem prazo marcado, o que é preciso perguntar ao primeiro-ministro é se para além destas carreiras, está ou não em condições de garantir a baixa de impostos necessária às famílias e às empresas, a reforma da saúde, que o próximo ano letivo vai começar com professores nas escolas, se o sistema eleitoral passa não desperdiçar as centenas de milhares de votos", questionou.

Rui Rocha considerou que estas são "questões estruturais que nem Pedro Nuno Santos ainda quis tratar" e sobre as quais não há ainda uma visão do primeiro-ministro.