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No início de um Congresso dedicado à polícia, o Chega escolheu a palavra de ordem até 10 de março: “Responsabilidade”

Em Viana do Castelo, onde o partido está reunido para aprovar órgãos internos após decisão do Tribunal Constitucional, André Ventura garantiu que o Chega “está pronto para governar” – e agora tem obrigação de mostrar novas caras e ideias para as legislativas

Rui Duarte Silva

Tendo em conta as sondagens que apontam para um crescimento eleitoral significativo nas legislativas de 10 de março, o Chega tem hoje a “responsabilidade de apresentar soluções” e “dizer aos eleitores que quer governar, que propostas tem, e quem tem para os cargos no governo”, afirmou esta sexta-feira André Ventura, Presidente do partido, no início do IV Congresso do partido, marcado para confirmar a liderança de Ventura e aprovar os órgãos internos por decisão do Tribunal Constitucional.

No último Congresso, em janeiro de 2023 em Santarém, Ventura apelou à união interna para conquistar credibilidade junto do eleitorado – e agora quer dar o passo seguinte e cimentar a “responsabilidade” do partido: “O meu dever nesta altura [de crise política] é dizer ao que vim com firmeza”, afirmou aos jornalistas, prometendo propostas concretas para áreas como saúde, habitação e segurança.

O partido tem legitimidade para isso, lembrou Ventura, sinalizando a “mudança de caminho” que o Chega fez graças aos votos dos portugueses nas últimas legislativas, quando o partido passou de um para 12 deputados. Assim, este Congresso vai mostrar o “engrandecimento do partido”, com medidas e novas caras com o “ADN” do Chega e a “credibilidade” exigida nesta altura.

“Quem nos está a ver em casa quer saber o que o Chega tem de diferente”, acrescentou. A credibilidade é necessária devido à “incapacidade de assumir responsabilidades” do Governo nos últimos oito anos, continuou Ventura. “Uma vez que outros não fazem o seu trabalho de oposição ao PS”, afirmou ainda, numa crítica à atual estratégia do PSD de Luís Montenegro.

"Evidentemente que o nosso maior adversário, pela destruição que tem feito ao país e pela sua incapacidade de assumir responsabilidade, será o PS e Pedro Nuno Santos. Mas como o PSD também já deu mostras de que não fará ou não faria muito diferente do PS, estes são os adversários que temos que ultrapassar nas próximas semanas, e eu penso que com as sondagens que temos, com a força que vamos ter, isso é possível", defendeu.

No final das declarações, o Presidente do partido recusou comentar as transferências de quadros do PSD e da Iniciativa Liberal para o Chega, incluindo o nome de Maló de Abreu – que se desfiliou do PSD esta semana. Há um “dever de salvaguardar pessoas e informação” nesta fase, justificou o líder.

Por último, Ventura dedicou de forma “simbólica” os três dias do Congresso a todos os polícias que continuam em protesto por melhores condições salariais.