Em cerca de dez minutos de declarações, Luís Montengro usou exatas dez vezes a palavra “bandalheira” para se referir ao caso CTT. Depois de conhecida a compra de ações da empresa pelo Estado português, através da Parpública, o PSD pediu explicações a Pedro Nuno Santos, à data dos factos ministro das Infraestruturas. O hoje secretário-geral do PS diz que nada autorizou. E o líder social-democrata respondeu esta quinta-feira. “Quando a pessoa responsável [pela tutela] sacode a água do capote, isto é uma bandalheira. E se é uma bandalheira, os portugueses devem aproveitar as eleições de 10 de março para acabar com a bandalheira.”
Montenegro falava aos jornalistas à saída de um encontro de cerca de uma hora com o reitor da Universidade do Minho, em Braga. E, por isso, desferiu críticas ao Governo do PS na área da educação e da saúde. “Em vez de termos um Governo de gestão preocupado com o drama das pessoas nos hospitais, com os alunos - estamos a recomeçar as aulas e há, segundo os sindicatos, 40 mil alunos sem professor pelo menos a uma disciplina”, temos um Governo “em campanha eleitoral”, a “mostrar obras”.
Sem se referir diretamente a António Costa, uma vez que o alvo está definido e é Pedro Nuno Santos, Montenegro não respondeu à pergunta sobre se desconfia das palavras do secretário-geral do PS, que disse no Parlamento que não deu orientações à Parpública para a compra de ações dos CTT.
“O que eu acredito não é relevante para aqui, o que é relevante é que há uma situação de bandalheira. Se a bandalheira existe, deve ser esclarecida”, continuou o responsável do PSD. “Há hoje um instrumento que as pessoas têm na mão para acabar com isto, que é mudar de Governo”. “É tempo de estas pessoas com esta cultura política e governativa saírem.”
Parte da direção do PSD está esta quinta-feira em Braga para cumprir um dos últimos “Sentir Portugal”, a iniciativa que Montenegro iniciou desde que assumiu funções de liderança. Depois de um almoço com empresários do sector têxtil e visita a uma associação de Comércio bracarense, o PSD tem um encontro de relevo marcado para esta noite.
O Conselho Nacional do partido vai aprovar os termos da nova Aliança Democrática, que junta PSD, CDS e PPM e que, repetiu Montenegro, é herdeira da que Sá Carneiro criou há 45 anos.
Embora num primeiro momento o PPM tenha recusado integrar a coligação, o acordo foi alcançado e anunciado esta quarta-feira. Os monárquicos têm garantido o 19º lugar na lista de deputados por Lisboa, o que torna difícil, embora não impossível, a eleição de um deputado.