Eram 12h13 de uma quarta-feira e a chamada durou pouco mais de um minuto e meio. Uma secretária a trabalhar na sede nacional do Chega ligou para um número de telemóvel que pensava estar em Portalegre. Estava a atualizar contactos de todas as sedes distritais do partido e a folha de papel à sua frente dizia que o líder daquela distrital era Júlio Paixão. O empresário reconheceu o número, estranhou, atendeu o telefone. Estava em Lisboa, já não vivia em Portalegre há vários meses. “Deve ser engano”, explicou. Atrapalhada, a secretária consultou o papel com mais atenção: perdido na lista das distritais, o nome de Portalegre tinha uma nota em jeito de emenda: o responsável era Pedro Pinto, deputado eleito pelo Algarve nas últimas legislativas.
O telefonema aconteceu a 15 de junho, há praticamente um mês. Júlio Paixão demitira-se de presidente da distrital do Chega em Portalegre em abril de 2022, um ano e três meses antes. Nesse período, a direção nacional do partido não conseguiu ainda substituir Paixão: já foram marcadas duas eleições para definir os órgãos distritais, mas ambas não chegaram a acontecer por falta de candidatos suficientes para formar uma lista única (25). No site do Chega Portalegre é a única distrital que surge sem sede. E não foi por falta de esforço, conta Paixão.