Uma reunião num hotel de Lisboa sobre cortes salariais, uma carta anónima, uma investigação que demorou mais de dois anos e, agora, mais de 20 buscas do Ministério Público. Rui Rio e vários outros funcionários e dirigentes do PSD (alguns ainda em funções) estão a ser investigados por peculato e abuso de poderes, numa suspeita de utilização indevida de dinheiros do Parlamento.
Mas que eventos desencadearam as buscas à sede do partido e à casa do ex-líder na manhã desta quarta-feira? Esta é a cronologia dos eventos conhecidos, numa investigação que - segundo a Polícia judiciária - decorre já desde 2018.
16 de fevereiro de 2018
Rui Rio é eleito 18.º presidente do PSD, depois de derrotar Pedro Santana Lopes com 54,37% dos votos nas eleições diretas. O ex-autarca da Invicta viria a ser reeleito em 2020 e 2021, sagrando-se o quarto líder mais duradouro no partido (apenas atrás de Cavaco Silva, Passos Coelho e Durão Barroso).
Homem do Porto, continua a trabalhar maioritariamente a partir da sede distrital do partido no Porto, vindo algumas vezes por semana à sede nacional em Lisboa. Hostil à comunicação social, rodeia-se de um núcleo fechado e que sabe leal, que faz questão de trazer consigo para o novo cargo.
É o caso da assessora Florbela Guedes, a porta-voz que acompanha Rio desde os tempos da Câmara do Porto e é apontada como uma das suas pessoas de confiança mais próximas, que está também sob investigação.
Por esta altura, é dada uma ordem interna para que nenhum membro do grupo parlamentar do PSD (que herda de Passos Coelho e com quem mantém uma relação tensa) falasse com a imprensa. Florbela Guedes é assim a peça central por onde passa toda a informação do PSD.
Tudo isto contribuiu para um clima de tensão permanente entre os funcionários da confiança do líder e o resto do partido, que foi um traço definidor da sua presidência.