Quando foram conhecidos os resultados das eleições espanholas (ver página 26), Luís Montenegro defendeu que “em Espanha, como em Portugal, é preciso substituir Governos socialistas irresponsáveis por novas maiorias reformistas”. Mas o partido de extrema-direita Vox também teve resultados expressivos, duplicando a votação conseguida em 2019 e consolidando-se como parceiro eventual do PP no Governo nacional que sairá das eleições legislativas, antecipadas pelo primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez, para 23 de julho. Um Governo PP-Vox, a materializar-se, será meio caminho andado para um Governo do PSD com o apoio e/ou a presença ministerial do Chega, até por via da normalização destes arranjos? Montenegro não esclarece, mas desta vez foi menos contundente na demarcação do que nos últimos meses.
Em entrevista à RTP, recuperou o tabu sobre o Chega. Desafiado, mais uma vez, a clarificar o posicionamento do PSD relativamente ao partido de André Ventura, o líder social-democrata tentou atalhar caminho: “Já respondi a essa questão. Não tenho nada a acrescentar agora e já prometi que, quando formos a votos, os portugueses não vão acordar com um Governo diferente daquele que quiseram.” Face à insistência do jornalista, Montenegro insistiu, também ele, que já disse o que é “importante as pessoas saberem hoje” sobre o seu “posicionamento político” e “os princípios que norteiam” a sua candidatura a primeiro-ministro. Reclamando para si a prossecução da sua estratégia, reafirmou que é claro “o que está excluído” do seu projeto político. E o que está excluído é um conjunto de “políticas e políticos” em que o próprio Chega se reviu, sem nunca o nome do partido ter sido referido.