O deputado da Iniciativa Liberal (IL) no parlamento dos Açores, Nuno Barata, rompeu o acordo de incidência parlamentar feito com os sociais-democratas para apoio ao Governo Regional de coligação, que junta PSD, CDS-PP e o PPM. O anúncio foi feito pelo próprio esta quarta-feira durante o plenário da Assembleia Legislativa, na cidade da Horta (ilha do Faial), e acontece dois dias depois de o novo presidente da IL ter estado com o deputado regional nos Açores, após ter criticado o acordo durante a campanha interna. Entretanto, também o deputado independente Carlos Furtado (ex-Chega) anunciou que rompe acordo.
"A partir de hoje, depois de todos os esforços que fizemos para que esse acordo pudesse ser levado até ao fim, vemo-nos obrigados a dizer aos açorianos que a IL comunicará ao representante da República que se liberta do acordo de incidência parlamentar que assinou com o PSD", declarou Nuno Barata, lamentando que o PSD não tenha cumprido um “frugal acordo” e não apresente “soluções” para os problemas dos Açores.
O deputado justificou a decisão com a "força que os parceiros do PSD na coligação de governo fazem todos os dias para que nada mude e pela incapacidade deste PSD em promover a devida estabilidade junto dos seus parceiros de coligação".
Elencando os dez pontos que constituíam o acordo de incidência parlamentar com o PSD, Nuno Barata traçou um balanço negativo de todas as áreas, afirmando que o objetivo principal da IL era “chegar ao fim do mandato e ter menos pobres nos Açores”.
“Menos despesa pública, menos divida para as gerações futuras (até porque divida é igual a pobreza), menos empresas públicas esbanjadoras, mais jovens e empreendedores capazes de concretizar os seus sonhos e projetos, promovendo as suas ilhas, sem terem que continuar de mão estendida ao governo – entidade omnipresente na vida dos Açorianos e um dos seus maiores e mais austeros carcereiros”, vincou o deputado liberal.
Garantindo que a IL “tudo fez” para que o acordo fosse cumprido, Nuno Barata acusou o PSD de o não ter sabido “honrar”. “É uma renúncia unilateral por incumprimento da outra parte. Não estamos disponíveis para continuar a ser conotados com as vossas decisões erradas e comportamentos erráticos, nem para sermos acusados, pelos Açorianos, de viabilizarmos uma governação que se tem desdobrado em trapalhadas atrás de trapalhadas”, reforçou.
Crítico do acordo nos Açores, Rui Rocha deslocou-se ao arquipélago no domingo para visitar as ilhas do Faial e do Pico, no âmbito das ‘Rotas Liberais’. No final, o líder liberal considerou que a região é “cheia de oportunidades” e que Nuno Barata tem “feito a diferença” no parlamento regional. “Conheci a garra dos produtores vinícolas, o trabalho dos investigadores do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores e o espírito de iniciativa dos empresários turísticos. O liberalismo tem de continuar a crescer”, escreveu nas redes sociais.
Recorde-se que durante a campanha interna, Rocha teceu críticas ao acordo nos Açores, garantindo que “não o teria feito” e que o não o repetirá no futuro, em entrevista à rádio Observador. E já antes tinha convidado Nuno Barata para integrar a sua lista à comissão executiva (direção).
PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo de governação. A coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega e com o deputado independente Carlos Furtado (ex-Chega) e o PSD um acordo com a IL. Com o rasgar do acordo da IL, os partidos da coligação e os apoios parlamentares representam, agora, 28 deputados, os mesmos do que a soma dos do PS (25), o BE (dois) e o PAN (um).
A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados e, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um da Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um deputado é independente (eleito pelo Chega).