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Moderar o discurso e olear a máquina, sempre a pensar no poder: à quinta convenção, o Chega entrou na idade adulta

Em Santarém, o partido de André Ventura institucionalizou-se: quer governar, mas sabe que para lá chegar precisa de cerrar fileiras. Já prepara as eleições europeias e quer ter o melhor resultado de sempre. É preciso mais “coesão” e “inteligência política”, nem que tenha de chamar a si causas mais associadas à esquerda. Como bónus, conseguiu causar embaraço ao PSD

TIAGO MIRANDA

A V Convenção Nacional do Chega foi, em simultâneo, um regresso ao passado, um tempo presente em que se quis mostrar um partido da “maturidade”, e um futuro projetado no Governo de Portugal – e com ministérios. Um regresso ao passado porque, na sequência do chumbo dos estatutos pelo Tribunal Constitucional, voltou aos originais, de 2019. O momento presente teve, de facto, algo de inédito: o tom das intervenções foi genericamente cordato, os críticos internos não compareceram e André Ventura, candidato único à presidência, conseguiu mais de 98% dos votos – só a reeleição não foi uma surpresa. E o vislumbre do futuro fez-se sobretudo com a mira apontada ao PSD, até mais do que ao Governo: o Chega não quer repetir a solução açoriana e, por isso, só aceitará viabilizar um governo de direita se se sentar no Conselho de Ministros, sem “negociatas escondidas nem falsas geringonças”.