Aníbal Cavaco Silva aconselha os eleitores a fazerem uma avaliação criteriosa dos candidatos que se vão apresentar às próximas eleições presidenciais. Num texto de opinião publicado nesta edição do Expresso, o ex-Presidente da República fala de uma “escolha muitíssimo importante para o futuro”, alertando que uma “eventual falta de qualificações específicas” para o exercício do cargo pode “lesar” o interesse do país.
Sem especificar quem deixa de fora na lista de candidatos com qualidades para o cargo, Cavaco vinca as qualidades desejáveis de um chefe de Estado: “Respeito das regras e procedimentos de bom senso dignos de um Presidente”; experiência e conhecimento do “funcionamento das instituições”, “especificidades da vida partidária” e das “tarefas da governação”; e “coragem e persistência”. Tudo isto avisando que nem todos os pré-candidatos têm estas capacidades: “Falar é relativamente fácil, fazer bem é mais difícil.”
Sem nunca indicar quem apoia — não é conhecido se o fará até ao final da campanha, em janeiro —, o ex-Presidente desenha perfis que não se cruzam, por exemplo, como o de André Ventura ou o do almirante Gouveia e Melo. No texto que assina, Cavaco deixa outros sinais idênticos, elencando as regras que diz ter seguido em Belém: “O respeito da Constituição e dos procedimentos da democracia, a defesa da estabilidade política, a isenção e independência em relação às diferentes forças partidárias e às tensões entre Governo e oposição, a sobriedade, não alimentar intrigas políticas em relação a quem quer que seja e falar verdade aos portugueses”.
De resto, características como a experiência de governação só são preenchidas por Luís Marques Mendes (que foi governante no seu tempo de primeiro-ministro) ou António José Seguro (embora brevemente, no Executivo de António Guterres).