No dia em que os eleitores portugueses vão ser chamados a ir às urnas, a guerra na Ucrânia já contará mais de dois anos e o atual conflito em Gaza terá acabado de completar cinco meses. Apesar da atenção mediática que estes dois focos de instabilidade internacional continuam a ter, as políticas externa e de Defesa têm sido ângulos mortos na campanha para as legislativas de 10 de março. Além de serem invariavelmente remetidas para o epílogo dos programas eleitorais, essas políticas andaram relativamente arredadas dos debates televisivos – até Donald Trump dizer que, caso voltasse a ser eleito Presidente dos Estados Unidos, encorajaria a Rússia a “fazer o que quisesse” com países devedores à NATO.
O compromisso de investimento de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) na Defesa, assumido em 2014 pelos Estados-membros da NATO para um horizonte temporal de uma década – ou seja, até este ano – é pouco ou nada referido nos programas eleitorais. Pelo menos não o é de forma específica e com metas temporais. No ano passado, o Governo português consignou 1,48% à Defesa, apontando 2030 como o ano provável para atingir a meta – , incumprindo em seis anos o compromisso assumido na cimeira de Gales em 2014.