É tema recorrente de debate por más razões, mas a verdade é que é um dos aspetos positivos do Serviço Nacional de Saúde: os seus profissionais. Nos últimos oito anos, é factual que têm sido sempre mais os médicos especialistas. Aumentaram de 17.103 para 21.515 em dezembro passado e o mesmo reforço, embora menos expressivo, verifica-se entre os internos em formação. O problema é que, mesmo assim, não chegam.
A pior ferida do SNS é o número de utentes sem médico de família e continua por sarar. Atingiu valores inéditos em 2022 e este ano ainda piorou. Em dezembro eram 1.724.859 pessoas ‘a descoberto’, ainda assim uma melhoria face a maio, com 1.750 mil utentes desprotegidos. No início deste ano, houve sinais de melhoras, muito ligeiras, mas que, mesmo assim, foram sentidas entre os poucos que conseguiram entrar para a lista de um médico de família: 1.647.700 utentes sem clínico assistente, dos quais mais de um milhão na região de Lisboa. A assistência também tem sido menor, mesmo entre a população com clínico assistente.
Utentes sem médico de família
As consultas presenciais nos cuidados primários foram cerca de 20 milhões no total anual entre 2016 e 2019, aqui quase a chegar aos 21 milhões. A pandemia travou o ritmo e a recuperação continua por fazer. Só os hospitais conseguiram ganhar balanço e somar mais de 13 milhões de consultas de especialidade, o valor mais elevado de sempre.