Todos os transportes públicos de Lisboa e do Porto têm agora mais utilizadores do que em 2019, traduzindo uma recuperação total depois de um período de menor utilização devido à pandemia. Mesmo o Metropolitano de Lisboa, que até ao final do ano passado ainda não tinha regressado aos níveis pré-covid, ultrapassou essa meta no passado mês de janeiro, mostram os últimos dados do Ministério do Ambiente e Ação Climática.
Evolução de passageiros nos transportes públicos
No caso do Metro de Lisboa, a procura em janeiro de 2024 foi 1% superior à registada em janeiro de 2019 e 3% acima de janeiro de 2023.
Nos barcos da Transtejo que asseguram a ligação entre Lisboa e a Margem Sul, há 7% mais passageiros do que antes da pandemia e 13% acima do início do ano passado.
Em relação ao Metro do Porto, a procura cresceu 30% face a 2019 e 13% em comparação com janeiro do ano passado.
Quanto aos comboios suburbanos, os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) também evidenciam uma recuperação: o número de passageiros entre janeiro e novembro de 2023 superou em 14% o registado nos mesmos meses de 2019.
Carro continua a ganhar
Apesar de os transportes estarem atualmente mais lotados do que em 2019 — um ano marcado por um grande aumento da utilização devido à descida do preço dos passes —, o problema estrutural da mobilidade nas grandes cidades continua a ser a forte dependência do automóvel.
Dois terços da população (66%) vai de carro para o trabalho ou para a escola, segundo os dados dos Censos 2021. E a percentagem é mais alta do que há dez anos (62%). Apenas 16% vão a pé e 9% de autocarro. Mesmo nos grandes centros urbanos como Lisboa e Porto, onde a densidade de transportes públicos é maior, o uso do automóvel supera o dos outros meios.
TIPO DE TRANSPORTE USADO PARA O TRABALHO OU ESCOLA
Em % do total
As consequências dessa utilização intensa do automóvel sentem-se diretamente no ambiente. Os transportes são dos principais responsáveis pelas emissões de gases com efeitos de estufa em Portugal e foram o setor onde as emissões mais cresceram entre 1990 e 2020.
Conseguir até 2030 reduzir em 55% as emissões de gases requer uma alteração dos meios de deslocação dos portugueses.