Com a perspetiva de ser ele a decidir a viabilidade do próximo Governo em caso de maioria à direita, André Ventura tem-se apresentado mais moderado do que na véspera de outras eleições, em que até seis ministérios exigiu ao PSD. Quando estabeleceu as condições para deixar passar um Executivo de Luís Montenegro, disse na entrevista à SIC, em dezembro, que era para “chumbar” se fosse “um Governo que não combate a corrupção” ou que “não aumenta salários e pensões”. O líder do Chega não impôs condições da sua agenda radical, que sabe impossíveis, como a prisão perpétua ou a castração química de pedófilos.
E reconhece, em declarações ao Expresso, que “em todas as negociações há pontos de partida e pontos de chegada, e isso obriga a um equilíbrio”. Em nome desse equilíbrio, o partido da direita radical não deixará cair pelo menos uma das suas bandeiras mais emblemáticas. “Há alguns pontos, no contexto em que estamos, de que não faz sentido abdicar”, assume Ventura. O principal tem a ver com a imigração, que caracteriza todos os partidos de extrema-direita na Europa, até porque vê aqui pontos de contacto com o PSD: “Não fará sentido abdicar de quotas de imigrantes quando o atual presidente do PSD já se referiu a elas de forma mais ou menos direta, quando disse que precisávamos de pessoas com um determinado perfil, mais próximas da nossa civilização.”