A decisão será sua, garante Ireneu Cabral Barreto, representante da República na Madeira, mas precisa de falar primeiro com o Presidente da República e só deve anunciar a sua solução para a crise política na Madeira no fim da próxima semana ou mesmo no início da seguinte. “Quem toma a decisão sou eu, mas não me é indiferente o que pensa o senhor Presidente da República”, disse Ireneu Barreto esta sexta-feira, depois de ter ouvido os dois últimos partidos com assento parlamentar.
O representante da República na Madeira disse que está a avaliar todas as opções que a Constituição lhe permite e diz que acabou por “tornar-se indispensável” ouvir o Presidente da República “relativamente à avaliação que sua excelência está a ter sobre esta situação”. Espera que Marcelo Rebelo de Sousa o receba durante a próxima semana e “no dia seguinte” espera estar em condições de anunciar a decisão.
Recorde-se que o Presidente da República só pode dissolver a Assembleia Legislativa Regional seis meses depois de ter sido eleita, processo que só pode iniciar a 25 de março. Essa - a dissolução e convocação de eleições - foi a solução que o PS voltou a defender esta sexta-feira junto de Ireneu Barreto.
“A única solução é devolver a a palavra ao povo”, disse Paulo Cafôfo, líder do PS regional, à saída do encontro com o representante da República, onde fez fortes acusações ao PSD Madeira. “O PSD está agarrado ao poder”, disse Cafôfo, apontando duas razões para isso: “Quer manter esta promiscuidade entre o Governo, o partido e os interesses privados e porque tem medo que apareçam ainda mais podres”, caso deixe o poder.
Quanto ao PS, o líder regional promete diálogo. “O PS terá sempre uma atitude de diálogo com todos os partido do espetro democrático que queiram o melhor para a nossa terra.”
Depois do PS, foi o PSD a ser ouvido no Palácio de S. Lourenço, onde reiterou que está preparado para apresentar um novo governo regional e garantiu ter condições para indicar os nomes de imediato, caso seja essa a decisão do representante da República .
“Estamos preparados para apresentar um governo, uma moção de confiança e um orçamento na Assembleia [Legislativa] num breve prazo possível de tempo, já que mantemos uma maioria parlamentar estável”, afirmou o presidente do Conselho Regional do partido, João Cunha e Silva, à saída da reunião com Ireneu Barreto.
Para o social-democrata, “isso seria bom para a Madeira, porque rapidamente a Madeira voltava a funcionar”. “Caso contrário, estará instalada a instabilidade e a ingovernabilidade que um Governo de gestão normalmente transporta consigo”, reforçou.
Depois de ouvir PS e PSD (já tinha ouvido os outros partidos nos dias anteriores", Ireneu Barreto leu um comunicado em que diz ter todas as opções em aberto e lamenta não ter sido possível esperar pela aprovação do orçamento regional antes de exonerar o governo, que desde segunda-feira está em gestão.