O anúncio de uma nova vaga de saídas na Iniciativa Liberal (IL), com 25 membros a desfiliarem-se do partido — entre ex-conselheiros nacionais e candidatos nas eleições autárquicas —, foi simbólico e visou causar danos, com as legislativas à porta. Aconteceu a três dias da 6ª edição da Festa da Liberdade, no Porto, onde os liberais comemoram este sábado o 25 de Novembro com um jantar-comício que contará com discursos de Rui Rocha, Cotrim de Figueiredo e Carlos Guimarães Pinto. Mas a direção garante que nada estragará a festa e reitera estar focada nas eleições de 10 de março: “Entradas e saídas são um processo normal, a IL tem crescido consistentemente, conta com cerca de 6500 membros e só nas últimas duas semanas entraram 200 novos”, diz ao Expresso fonte oficial do partido, desvalorizando as desfiliações recentes, a maioria de ex-apoiantes de Carla Castro na corrida interna.
Da ala mais conservadora da IL e críticos do rumo seguido pelo atual líder, os 25 membros de saída acusam a direção de “nepotismo”, criticam o adiamento da convenção estatutária, que estava marcada para o início de dezembro, assim como aquilo que consideram ser a deriva da IL, de “braço dado” com a agenda da “esquerda radical”. O timing não foi visto com bons olhos por vários membros e conselheiros, que falam em “traição” e “oportunismo”, a menos de quatro meses das eleições. “Foi a demonstração da vontade de se colocarem egos à frente do que interessa, a defesa das propostas que farão a diferença em mudar a vida dos portugueses”, acusa Luís Madera, conselheiro nacional. Admitindo que gostaria que a IL fosse a “casa de todos os liberais”, o conselheiro Rafael Corte-Real lamenta a debandada e o momento, uma vez que era importante mostrar união para 10 de março: “Vamos ver se conseguimos estancar a tempo esta hemorragia.”