Acaba de lançar “Ligar” (Tinta-da-china), sobre política externa e os seus tempos nos Negócios Estrangeiros, mas a crise política meteu-se pelo meio. Em entrevista ao Expresso sobre o que se segue no mundo, e também em Portugal, critica a organização do Ministério Público, lamenta que esteja a haver mais privação de direitos no âmbito de processos judiciais do que no Estado Novo e menos inquietação do que antes do 25 de Abril. E deixa uma certeza: o regresso à Academia não é agora.
Neste livro descreve a invasão da Crimeia, a seguir do Donbas, e de como isso mudou muita coisa. A posição que o PCP tem sobre a guerra na Ucrânia e a polarização do debate sobre Israel e a Palestina tornarão mais difícil uma nova ‘geringonça’?
Não, porque em 2015 isso foi muito claro: os acordos incidiam na política interna, em particular em matérias de natureza orçamental. E todos os partidos subscritores mantinham total autonomia no que respeita às suas posições sobre política externa. Isso está consolidado. A posição do PCP sobre a guerra na Ucrânia restringe-se ao domínio internacional. Dali não decorre nenhum efeito que condicione a posição do PCP em matéria de política social, educativa, cultural, orçamental, económica e por aí adiante.