Crise política

Ventura anuncia que Marcelo "não se oporá a um governo com o Chega" e avisa que não se vai "moderar"

“O objetivo é ser o partido mais votado”, afirmou o líder do Chega em entrevista à SIC Notícias, antes de apresentar um trunfo para compor a bancada parlamentar: ex-militantes do PS e do PSD

André Ventura chegou este domingo, 17 de setembro, à Madeira. E foi inaugurar um outdoor
Paulo Novais / Lusa

André Ventura já não quer saber do posicionamento de Luís Montenegro em relação a um governo com o Chega. “O objetivo é ser o primeiro partido mais votado. É vencer as eleições, ficar em primeiro”, garantiu o Presidente do Chega em entrevista à SIC Notícias esta segunda-feira, apoiando-se sobretudo na sondagem da Aximage para a TVI, referente a novembro – e que coloca o partido com 17% das intenções de voto.

Não me vou moderar para agradar a outros partidos”, sublinhou Ventura, lembrando que o Chega já tem um “eleitorado” e que a Iniciativa Liberal “não entra na conversa” sobre um futuro governo à direita, face aos 6% que tem na sondagem.

Garantindo que não irá fazer “cordões sanitários”, quer um “governo de direita, para fazer reformas”. E pelo meio, indicou que tem a bênção de Belém. “Não posso falar sobre conversas que tive com o Presidente da República sobre a formação de governos”, começou por dizer, antes de apontar algo que Marcelo não iria “desmentir”.

“Não o fiz nos Açores, não o farei no Governo [nacional]”, terá dito o Presidente da República. “O que retirei destas palavras é que [Marcelo] não se oporá a um governo com o Chega ou liderado pelo Chega em que os portugueses votem. E assim é que é a democracia, as pessoas é que escolhem, não é o Presidente”, afirmou Ventura.

Na última sexta-feira, o líder do Chega afirmou em conferência de imprensa na sede do partido que estava pronto para governar o país, mesmo que isso ele próprio ficasse de fora do Executivo por exigência do Presidente da República.

Questionado sobre se teria quadros para preencher tantos assentos parlamentares, o líder do Chega garantiu que sim: tem “muitos” que vieram do CDS, garantiu, e uma maioria que chega ao partido vinda do PSD e do PS – “os que governaram este país nos últimos 50 anos”, lembrou, desta vez como argumento para atestar a competência da governação.

O “objetivo” de Ventura “é ter o maior grupo parlamentar”, e a principal bandeira é a reforma da Justiça. “A justiça tenta fazer o seu trabalho, apesar de estar infiltrada de corrupção”, afirmou, citando as palavras do Presidente do Supremo Tribunal, dias antes da Operação Influencer ser tornada pública. “Os portugueses querem exigência”, vincou, antes de sublinhar que “casos como o de Galamba não aconteceriam num Governo do Chega.”

Apontando que não lhe cabe “defender” o Ministério Público, acabou a sublinhar que “esteve bem a dizer que há um inquérito”. Entre críticas à “imoralidade” do processo Marquês e acusações a António Costa por ter “posto em causa o trabalho da justiça e da polícia” com a declaração em São Bento, Ventura garantiu que não tem preferência pelo seu opositor socialista. Mas se for Pedro Nuno Santos, avisa, garante que vai continuar a lembrar que “ele é tão responsável quanto António Costa pelo estado a que o país chegou.”