Já diz a sabedoria popular: quem espera, desespera. E Rui Moreira parece ter perdido a paciência com os atrasos na construção da Linha Rosa (G) e do metrobus. “Não temos previsão objetiva do fim das obras e, neste momento, aquilo que nos estão a propor é construir a nova Linha Rubi (H). E começam logo por dizer que vão interromper o elétrico. Não vão. Enquanto eu puder, não vão”, garantiu esta segunda-feira o autarca, durante uma reunião pública do executivo municipal, na qual dirigiu duras críticas à Metro do Porto.
“Se o projeto [da Linha Rubi] foi feito presumindo que o serviço do elétrico pode ser interrompido, fizeram mal o projeto. Alterem o projeto. Enquanto eu for presidente da câmara, não quero saber. Não vou permitir”, afiançou Rui Moreira, em resposta à questão levantada por Mariana Ferreira Macedo, vereadora do PSD, que pretendeu saber se a Metro do Porto tem explicado à autarquia o que motiva os atrasos nas obras em curso.
“Não vamos aceitar a interrupção do elétrico, qualquer que seja a consequência”, reforçou o independente, referindo-se à possibilidade de a construção da Linha Rubi – que fará a ligação entre a Casa da Música e Santo Ovídio – provocar um constrangimento no serviço do carro elétrico na Rua do Ouro, na marginal ribeirinha. “A frente de obra tem de ser licenciada pela Câmara Municipal do Porto e não se podem causar interrupções em vias sem autorização”, frisou Rui Moreira.
“Já temos um enorme problema. Colocaram um poço de acesso ao metro, exatamente num sítio onde passa o elétrico. Podiam ter posto dez metros ao lado e não havia problema. Ainda por cima, a Linha Rosa é a obra que está mais atrasada”, lembrou o presidente da Câmara Municipal do Porto. “A [intervenção] na Rua Mouzinho da Silveira está com mais de dois anos de atraso”, salientou o edil, para quem a conclusão da nova ligação entre a Casa da Música e São Bento não passa de uma miragem distante. “Alguém sabe quando fica pronta? A probabilidade é de ser no dia de São Nunca à tarde”, atirou.
A desconfiança do autarca é ainda maior relativamente à capacidade de a Metro do Porto concluir até ao final de 2026 a empreitada da Linha Rubi, de forma a não desperdiçar o financiamento de 435 milhões de euros do PRR. “Alguém acredita que em 2026 vamos ter a Linha Rubi pronta? Eu duvido que tenhamos pronta a Linha Rosa, mas a Rubi não vamos ter de certeza”, sentenciou o presidente da CMP.
Contactada pelo Expresso, a Metro do Porto não quis comentar as declarações de Rui Moreira.
A Linha Rubi terá oito estações, uma extensão de 6,3 quilómetros e obrigará à construção da Ponte Ferreirinha, uma nova travessia entre o Porto e Vila Nova de Gaia. Estima-se que esta ligação venha a servir 12,7 milhões de utilizadores anualmente.
A empreitada da Linha Rubi foi atribuída ao consórcio Alberto Couto Alves (ACA), FCC Construcción e Contratas y Ventas, pelo valor de 379,5 milhões de euros.
O Metro do Porto tem seis linhas atualmente em funcionamento, às quais se vão juntar a Linha Rosa (já em construção) e a Linha Rubi. Também o metrobus entre a Boavista e a Anémona, em Matosinhos, vai reforçar a rede de transportes.
Até 2030 estão previstas mais quatro novas linhas: Trofa, Maia II, São Mamede e Gondomar II.