Política

"Eu não sou sonso", diz Pedro Nuno Santos num dia em que Carneiro critica "apoios por arrasto"

Campanha do PS entra na última semana e os discursos começam a ficar mais inflamados. Apoios de Carlos César e elogios a Costa animam campanha pedronunista

Tiago Pereira Santos

Os candidatos à liderança do PS andam numa roda viva nos últimos dias para conquistar o votos dos militantes socialistas. As eleições são a menos de uma semana, decorrem entre sexta-feira e sábado, e a troca de argumentos está a entrar num período mais quente. Pedro Nuno Santos diz que “não é sonso” e que “radical é ter convicções”, já José Luís Carneiro defende que os militantes do PS são “homens livres”.

Mesmo quando não se nomeiam, as indiretas não têm outra leitura. Num discurso esta sexta-feira à noite em Bragança, Pedro Nuno Santos respondeu às acusações de que é um radical. “Radicais são mesmo os problemas que ainda enfrentamos e temos de corrigir. Radical é ter convicções. É a confusão que temos em Portugal. Eu cá tenho convicções, defendo-as e quero concretizá-las com responsabilidade e frontalidade. Eu não sou sonso”, disse.

Os apoios de Carlos César e Sérgio Sousa Pinto animaram o candidato, bem como o discurso de António Costa na quinta-feira à noite na apresentação do livro de Mário Soares “Portugal Amordaçado”. No discurso, o secretário-geral do PS argumentou que o antigo Presidente da República era um defensor da “geringonça”, o que deu argumentos à campanha de Pedro Nuno Santos contra o seu opositor mais direto, José Luís Carneiro. E deu ainda alguns argumentos sobre o “radicalismo”. Para Costa, Soares “manteve-se no radicalismo próprio do socialismo democrático”, uma frase que seria usada por apoiantes de Pedro Nuno nesse encontro em Bragança.

O candidato à liderança do PS acabou também por elogiar António Costa. Questionado sobre o papel que o primeiro-ministro pode ter no futuro, Pedro Nuno Santos disse que Costa “é o melhor político português” e que “pode ter a certeza que o PS estará do lado dele”.

Uma resposta em tudo semelhante ao que tinha dito dias antes, em entrevista ao Expresso, quando afirmou que Costa pode ter um lugar tanto cá dentro como na Europa, assim o queira. “É uma decisão pessoal dele que respeito, mas espero que rapidamente se ultrapasse este caso para podermos continuar a contar enquanto país, seja cá dentro ou lá fora, com António Costa”, disse.

José Luís Carneiro não desarma na sua candidatura e diz que vê “alguns sinais de nervosismo” do lado de Pedro Nuno Santos. Num encontro na Madeira, disse que há “alguma incompreensão” por a sua “candidatura estar a ser capaz de mobilizar tantas mulheres e tanto homens livres”.

Esta é uma expressão que tem usado para descredibilizar o trabalho do adversário de anos nas estruturas do partido. José Luís Carneiro tem como alvo aqueles militantes que “creem que não há apoios por arrasto”, disse. Uma frase que deve ser lida à luz dos apoios de Carlos César, presidente do PS, a Pedro Nuno Santos. O apoio do presidente socialista ao seu adversário não foi bem visto nas hostes de Carneiro, apesar de não ser uma surpresa.

“Aquilo que peço aos militantes é que ouçam aquilo que o país está a dizer ao PS e o que está a dizer ao PS é que esta candidatura é a que melhores condições tem para ganhar as eleições ao PSD e, por isso, é aquela que tem a melhor proposta política para serviço o nosso país", disse na intervenção na Madeira.

Quanto a António Costa, Carneiro tem-se apresentado como herdeiro do legado do costismo e, em entrevista ao Expresso também esta semana, disse esperar contar com o ainda primeiro-ministro para o que Costa quiser. “Seria um bom candidato a tudo, não apenas às eleições europeias. Seria um bom candidato presidencial, um bom candidato a funções internacionais”, disse.

Aliás, para Carneiro o processo judicial não é um obstáculo, uma vez que não vê “especial gravidade” no que foi conhecido.