O pontapé de arranque à campanha eleitoral das legislativas foi dado pelo PCP esta quinta-feira, dia 23, com um comício lotado. Para a estreia de Paulo Raimundo nesta nova fase política, o partido escolheu um dos locais mais emblemáticos: a Voz do Operário, em Lisboa. Com o auditório cheio, o secretário-geral do PCP dedicou grande parte do seu discurso ao ataque cerrado ao PS. “A demissão do primeiro-ministro e a queda do Governo são inseparáveis da sua política, uma política que não dá respostas aos problemas que a maioria da população e o país enfrentam”, atirou. Os longos minutos restantes foram dedicados ao apelo ao “reforço” do PCP e da CDU, o “único voto útil” que “combate a direita” e os “donos disto tudo”. Houve ainda tempo para pedir o “reconhecimento e concretização do Estado palestiniano”, uma das grandes causas do partido.
“Que extraordinário comício que estamos a ter”, lançou Paulo Raimundo assim que pisou o palco. Cumprimento dado, o líder comunista avançou para as críticas ao executivo socialista. Entre aplausos, o secretário-geral do PCP juntou-se ao coro de críticas à estabilidade que o PS utilizou como argumento para alcançar a maioria absoluta e que acabou por se tornar numa “ilusão”. “O PS pediu estabilidade política e muitos foram os que se iludiram, mas o que o PS queria na verdade era a estabilidade para implementar aquela que é a sua opção de fundo, a política de direita”, defendeu. E acrescentou: “o PS não só não foi um obstáculo à política de direita como foi, por sua opção, o seu fiel protagonista”. Prova disso, continuou, é a falta de respostas a serviços públicos como o Serviço Nacional de Saúde (SNS). “[Os problemas] não só ficaram por resolver como hoje estamos na situação em que estamos”.