Comédia e tragédia, do que nos falam os gregos: a tragédia trata do destino dos heróis das suas grandes adversidades, a comédia trata de assuntos privados, menores, sem risco para a vida. Para Aristóteles, a tragédia aborda os “assuntos sérios” e a comédia “matéria trivial”. Et cetera. Mas a distância entre o poder e os pobres, os assuntos de Estado e o cuidar da família e dos amigos, o que vai dos jogos políticos à gestão da casa diminuiu radicalmente na contemporaneidade.
Tragédia e comédia buscam uma coerência interna, sob pena de a polis se cansar e os cidadãos se afastarem dos líderes políticos e outros. Por essa proximidade entre povo e poder clama a instituição a que chamamos democracia. Os leitmotiv dos poderosos e do povo anseiam por uma sincronia mínima. Pensar o desfasamento entre a tragédia e a comédia de uns e de outros é exercício proveitoso, ilumina-nos a história e avisa-nos sobre o presente.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.