“Não considero uma prática normal.” Foi assim que António Costa respondeu, quando questionado pelo PSD sobre se considerava ser prática normal que um documento com a relevância e a sensibilidade do programa de reestruturação da TAP estivesse apenas guardado no portátil do adjunto Frederico Pinheiro. De forma lacónica, António Costa deixava no ar mais uma crítica à forma como o Ministério das Infraestruturas funcionava no tempo de Pedro Nuno Santos — tal como João Galamba e a chefe de gabinete já tinham feito nas respetivas audições.
Com a oposição a tentar de várias formas atingir o centro nevrálgico do Governo através da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), primeiro apontando baterias a Fernando Medina no caso da indemnização, depois a João Galamba no caso dos incidentes no Ministério, e depois a António Mendonça Mendes no caso da chamada ao SIS (ver P&R), o Governo não resiste à tentação de enquadrar o que se passou num “epicentro”: o gabinete de Pedro Nuno Santos e Hugo Mendes, de onde saiu Frederico Pinheiro, e cujas práticas de trabalho ao nível do tratamento de informação sensível são hoje consideradas “não normais”. “A cada ministro cabe a responsabilidade sobre o seu gabinete”, diria Mariana Vieira da Silva numa entrevista ao “Negócios” sobre o facto de o plano de reestruturação da TAP não estar no arquivo das Infraestruturas mas apenas no computador do adjunto.