“Será que o futuro será uma geringonça à direita? Não sei, é possível”. Em entrevista à Antena 1 esta quinta-feira, Rui Moreira não exclui uma possível coligação de direita num futuro Governo, incluindo o PSD de Luís Montenegro, Iniciativa Liberal, “o que resta” do CDS e o partido de André Ventura — mas o presidente da câmara do Porto preferia que não fosse com “este Chega”, um partido que tem preocupações com uma “conotação mais racista”.
Ainda assim, Rui Moreira, eleito como independente com o apoio do CDS e também da Iniciativa Liberal, alerta que “a ideia de tentar marginalizar o Chega é excelente para André Ventura, mas objetivamente mau para o sistema político”. Tendo sido eleito democraticamente, o partido tem toda a legitimidade de estar no Parlamento, sublinha o autarca do Porto.
Na entrevista desta manhã, Moreira também comenta o “excesso de opinião” do Presidente da República. No primeiro mandado, Marcelo “foi muito amortecedor da preocupação dos portugueses”. Mas agora “teve de ajustar a sua posição e não sei se por vezes não é demasiadamente explicativo”. É bom haver um chefe de Estado que explica as coisas aos portugueses, diz, mas esse exercício “por vezes vai um pouco longe demais em algumas matérias” e acaba por “condicionar o Governo”.
Rui Moreira rejeita ainda que a maioria absoluta de António Costa esteja “fragilizada”. Lembrando que é raro um Executivo de um país europeu ter “uma maioria tão significativa”, o autarca do Porto acredita que “o exercício desse poder por parte do Governo de António Costa ainda não está a ser suficientemente exercido”. Moreira pensa também que esta maioria tem condições para chegar até ao fim — mesmo no contexto de crise atual — e, aliás, “seria muito anormal” se isso não acontecesse.
À Antena 1, o autarca do Porto afirma que espera cumprir o seu terceiro e último mandato até ao fim: “Não vejo razão objetiva para sair antes”. Questionado sobre uma possível candidatura às eleições europeias, Rui Moreira responde que é uma coisa que nunca lhe foi falada. “Por um lado sinto-me lisonjeado (...) mas não vejo o meu futuro passar por fazer política ativa quando sair da Câmara Municipal do Porto”. A hipótese de concorrer à presidência do FC Porto, no qual é atualmente vice-presidente do Conselho Superior, também é rejeitada.
Por último, Moreira pronuncia-se sobre a Jornada Mundial da Juventude. Não comenta o valor do palco-altar, nem se deve ser feito ou não, mas lamenta que se prolongue “um fait diver que não é muito bom para o país”. “Devemos manifestar a nossa perplexidade num país que vive muito destes eventos e destas festas, quando percebemos que aqui e ali o país está a cair aos bocados”, atirando ainda que “no Porto é sempre muito difícil fazer qualquer coisa e, em Lisboa, consegue-se fazer tudo”.