Com mais de seis horas de atraso, Rui Rocha foi anunciado este domingo como o novo líder da Iniciativa Liberal (IL) com 51,7% dos votos. Antes mesmo de subir ao palco da VII Convenção, no Centro de Congressos de Lisboa, o candidato apoiado por Cotrim de Figueiredo considerou, em declarações aos jornalistas, que se “abre agora uma nova página” na vida do partido que escolheu já o quarto presidente em seis anos. E no seu discurso final apelou à mobilização do liberais contra a revisão constitucional.
“O passado termina hoje na IL, hoje abrimos uma nova página de crescimento, só interessa o futuro”, defendeu, apostando num tom conciliador após uma campanha interna dura e dois dias de Convenção, onde ficaram expostas fraturas internas.
No discurso de vitória, uma promessa logo à partida: de união. Agradeceu a “coragem cívica” de Carla Castro e José Cardoso e garantiu que está disponível para trabalhar no futuro com os seus adversários na disputa interna.“Para que não fiquem dúvidas: convoco todos os liberais a participar no futuro da IL, são todos bem-vindos os liberais”, assegurou.
Aos críticos internos deixou mais promessas e garantiu ainda que haverá uma “transformação muito rápida” no partido, de forma a estar preparado para as próximas “batalhas”. "As batalhas que temos lá fora para combater é a do salário estagnado”, exemplificou, apontando ainda para a a “saúde”, a “educação”, a “natalidade” e o “despovoamento” do país.
Meta de 15% nas legislativas
A meta eleitoral mantém-se: alcançar 15% da votação em eleições legislativas. Só assim, disse, será possível “influenciar a política portuguesa” e começar a “transformar o país” com propostas liberais alternativas ao socialismo que respondam aos ”problemos concretos" dos portugueses.
“O país que temos hoje é para trazer para um patamar diferente e alternativo. Todos os outros partidos são mais estatistas ou dirigistas”, vincou, criticando também o “bipartidarismo” que causa “consequências nefastas”. "Não se aguenta mais estagnação, pobreza e asfixia", insistiu.
E voltou a prometer liderar a oposição ao Governo, nomeadamente em matérias como a TAP, a fiscalidade e a revisão constitucional em curso. Rocha alertou que está em causa uma ameaça aos direitos, liberdades e garantias, impondo confinamentos, segundo o acordo entre o PS e o PSD. “Vamos estar unidos e já em Fevereiro vamos para a rua lutar contra esta revisão constitucional”, desafiou.
Atirando ao Governo, Rui Rocha acusou o PS de querer “agarrar-se ao poder”. "Mas está completamente esgotado, politicamente morto. E fomos nós que o declaramos com a moção de censura que apresentámos”, vincou Rui Rocha, diringindo-se a dois vice-presidentes do PSD sentados na primeira fila, Margarida Balseiro Lopes e António Leitão Amaro.
“O que seria preciso acontecer mais para Luís Montenegro para ter aprovado a moção de censura ao Governo?”, questionou. Por fim, reiterou a promessa inicial: “conto convosco, contem comigo”, dirigida a todos os liberais. Mas o desafio será mesmo unir um partido com feridas internas, que ficaram mais expostas nesta reunião magna, com a lista de Rui Rocha ao Conselho Nacional (CN) a conquistar 24 de 50 mandatos e a sua principal adversária a obter 44% da votação na disputa à liderança. Embora Carla Castro garantisse que a “unidade interna” seria garantida no dia seguinte às eleições.