Política

PS na Câmara de Lisboa vai voltar a abster-se e permitir aprovação do orçamento para 2023

Socialistas deixam críticas à governação de Carlos Moedas, mas anunciam que, tal como no ano passado, vão abster-se na votação do documento global

Câmara Municipal de Lisboa

Os vereadores do PS na Câmara de Lisboa anunciaram que se irão abster na votação da proposta de orçamento municipal para 2023, permitindo a viabilização do documento apresentado pela liderança PSD/CDS-PP, que governa sem maioria absoluta. O mesmo que aconteceu há um ano.

“O Partido Socialista vai viabilizar o orçamento municipal de Lisboa para o ano de 2023, abstendo-se no primeiro orçamento que é da inteira responsabilidade de Carlos Moedas como presidente da Câmara Municipal de Lisboa”, lê-se num comunicado da vereação socialista no executivo da capital enviado à agência Lusa.

Apesar de permitir a viabilização da segunda proposta orçamental da liderança PSD/CDS-PP, o PS acusa o social-democrata Carlos Moedas de “total falta de disponibilidade” para a negociação de políticas e medidas com a oposição, “mesmo sabendo-se que o presidente da autarquia precisa dos votos do PS ou de outras forças políticas para aprovar o orçamento”.

Passou apenas um ano e a gestão de Moedas é um bom exemplo da arrogância de uma minoria que foi lesta a assumir os piores tiques das maiorias”, refere a vereação socialista na Câmara Municipal de Lisboa (CML).

Em linha com o que tinha defendido na proposta orçamental para 2022, os socialistas reforçam que a viabilização do orçamento de uma vereação minoritária “não significa a aceitação de algumas linhas de força que começam a tomar forma, e com as quais o PS mantém um desacordo frontal, mas a compreensão que a cidade precisa de estabilidade e garantia que as escolhas efetuadas pelos lisboetas são respeitadas”.

A este propósito, o PS destaca algumas das áreas em que considera existir “um claro retrocesso, desinvestimento ou até sinais preocupantes sobre o futuro estratégico”, nomeadamente o aumento da dívida da Carris, a suspensão ou congelamento de 2.000 casas de renda acessível e o retrocesso do investimento na área social.

Em relação à renda acessível, o PS indica que o orçamento e plano de atividades da empresa municipal de reabilitação urbana SRU deixa cair a construção prevista de 545 casas em dois loteamentos em Marvila, assim como continua bloqueada a construção de 400 casas no Alto do Restelo.

“No total são 900 apartamentos de construção própria que Carlos Moedas deixa cair mesmo passando a ter direito a financiamento pelo PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], ao contrário do que acontecia no anterior mandato. Se contarmos com os três concursos de concessões anulados pela CML no Parque das Nações, Benfica e Paços da Rainha - mesmo depois de concluídos os concursos com resposta de candidatos privados - totalizam 2.000 casas de renda acessível suspensas, congeladas ou anuladas pelo atual executivo”, acrescenta o PS.

A proposta de orçamento municipal de Lisboa para 2023 prevê uma despesa de 1.305 milhões de euros, superior à calculada para este ano (1,16 mil milhões), esperando a câmara ter um crescimento de 15% nas receitas correntes, bem como um investimento de 138 milhões financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Concretizando promessas eleitorais, entre as medidas previstas estão a isenção de IMT a jovens até 35 anos para aquisição de habitação própria, no valor máximo de 250 mil euros, e a devolução de 3,5% de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) aos munícipes, voltando a aumentar 0,5%, como aconteceu este ano, que passou de 2,5% para 3%.