O secretário-geral cessante do PCP, Jerónimo de Sousa, entregou esta segunda-feira a renúncia ao mandato de deputado à Assembleia da República e vai ser substituído por Duarte Alves, um dos mais jovens dirigentes do partido. Termina assim um percurso de 37 anos de experiência parlamentar de Jerónimo que era o único deputado em funções que tinha participado na Assembleia Constituinte.
Depois de anunciar no domingo que ia deixar de ser deputado, Jerónimo de Sousa "formalizou hoje a apresentação da sua renúncia ao mandato de deputado na Assembleia da República", anunciou em comunicado a direção comunista.
Duarte Alves, de 31 anos, era o 'número três' pelo círculo eleitoral de Lisboa nas últimas eleições legislativas (em que o PCP apenas elegeu dois deputados, Jerónimo de Sousa e Alma Rivera) e vai substituir o secretário-geral cessante. O economista já foi deputado durante as XIII e XIV legislaturas e ficou conhecido por integrar a comissão de inquérito às perdas do Novo Banco imputadas ao Fundo de Resolução. No Parlamento acompanhava matérias como o Orçamento do Estado e finanças, e energia.
Na noite de sábado, o PCP anunciou que Jerónimo de Sousa ia deixar de ser secretário-geral e que Paulo Raimundo, de 46 anos, era o nome proposto para o substituir. Ao fim de quase 18 anos, Jerónimo de Sousa alegou motivos da saúde para abandonar a meio o último mandato como líder do partido, para o qual foi eleito em novembro de 2020. Paulo Raimundo, um dos únicos dirigentes que faz parte do Comité Central, da Comissão Política e do Secretariado (é também o mais novo elemento deste órgão), é um conhecido das bases comunistas, mas tem uma presença mediática residual.A escolha, confirmou o próprio secretário-geral cessante no domingo aos jornalistas, gerou surpresa dentro do Comité Central, mas acabou por ser acolhida pela maioria.
No domingo, em conferência de imprensa para apresentar as conclusões da última reunião do Comité Central, Jerónimo de Sousa também anunciou que iria deixar de ser deputado e admitiu não voltar à Assembleia da República para uma última intervenção. Com a sua saída, a Assembleia da República deixa de ter deputados que tenham participado na Assembleia Constituinte. Jerónimo de Sousa foi eleito logo nas eleições de 1975 para o Parlamento que aprovou a Constituição. E foi sendo eleito em várias legislaturas até 1992. Voltaria passados 10 anos, em 2002, para mais 20 anos como parlamentar. Em 2002 foi o único ano em que foi eleito pelo distrito de Setúbal. Desde que chegou a líder do PCP, em 2004, tem sido sempre o cabeça de lsita pelo dsitrito de Lisboa.