Marcelo Rebelo de Sousa não quis comentar a composição do Governo de António Costa, que toma posse na próxima quarta-feira, dia 30 de março, mas acabou a frisar que as “escolhas foram do primeiro-ministro” e que, se fosse ele o líder do Executivo, as escolhas seriam outras.
“Nunca comento a orgânicas do Governo, são escolhas do primeiro-ministro: cada primeiro-ministro escolhe a organização que é melhor. E depois escolhe as pessoas que entende que são as mais adequadas do seu ponto de vista. Do seu ponto de vista”, frisou o Presidente da República em declarações aos jornalistas no Algarve, à margem do 12º Congresso do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP).
Nestas respostas, Marcelo disse que não era primeiro-ministro, mas acabou até por se pôr nessa posição: “Não sou primeiro-ministro, sou Presidente da República, não sou eu que tenho de formar o Governo. Eu formaria certamente um Governo como primeiro-ministro noutra área política e com outras pessoas, mas isso não existe esse filme. Não existe esse filme”.
Uma dissonância depois de já ter acontecido outra no dia da divulgação do próximo elenco governativo: quando a lista foi revelada pela comunicação social antes de o Presidente da República a divulgar.
"Escolhas" são do primeiro-ministro, como são dos "treinadores"
As escolhas são, frisou, “do primeiro-ministro”. Palavras ditas quando até foi noticiado que o Presidente da República influenciou a escolha do Ministro da Defesa, ao recusar que ali continuasse João Cravinho, que passou a ocupar a pasta dos Negócios Estrangeiros no novo Governo.
Quanto à dimensão do novo Executivo, com 17 ministros, Marcelo Rebelo de Sousa diz que o “primeiro-ministro, perante uma situação, escolhe se quer uma equipa muito longa, ou mais curta. Se mais curta e mais concentrada e mais centralizada na liderança e constituída por pessoas mais próximas de si e que entende que é uma equipa coesa”, continuou.
Sobre a presença de mais nomes do Partido Socialista no Governo - em que se destacam Fernando Medina, Ana Catarina Mendes e José Luís Carneiro - Marcelo não respondeu.
Nas declarações, houve até tempo para uma comparação: “É como os treinadores”. “Vemos às vezes os jogos e na bancada e dizemos: 'porque demora tanto tempo a substituir?' ou 'porque é que escolheu A e não B'". “É uma escolha do treinador”, frisou.
No passado, e com António Costa como primeiro-ministro, houve comentários de Marcelo sobre essas substituições, nomeadamente quando avisou que o Governo deveria tirar “todas, mas todas as consequências” dos trágicos incêndios em 2017, numa declaração que acabou por levar ao pedido de demissão da então ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa.