Política

Governo anuncia linha de crédito de €400 milhões para as empresas mais afetadas pela escalada de preços dos combustíveis

Pedro Siza Vieira avança que linha de crédito bancário será disponibilizada na próxima semana para dar liquidez às empresas. Ministro da Economia afasta cenário de escassez de bens essenciais, mas admite que poderá ser necessário redefinir metas do PRR face ao conflito na Ucrânia e acolhimento de refugiados

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

O ministro da Economia anunciou este sábado, em Lisboa, uma linha de crédito de €400 milhões para empresas mais dependentes da energia e dos combustíveis e que têm visto os seus custos aumentarem com a subida dos preços.

"Anunciei hoje o lançamento de uma linha de crédito de €400 milhões, que será disponibilizada no sistema bancário na próxima semana, para permitir dar liquidez às empresas e fazer com que elas não entrem em dificuldades”, afirmou Pedro Siza Vieira aos jornalistas.

O governante, que falava à margem da conferência “Portugal: Objetivo Crescimento”, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, sublinhou a necessidade de “ajudar as empresas, particularmente aquelas que têm mais consumo de energia na sua estrutura de custos e de produção, a amortecerem este choque”.

O ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital explicou que a linha de crédito “é essencialmente dirigida a empresas cujos custos da energia têm um peso grande no custo do conjunto dos seus fatores de produção, a empresas que viram os seus custos de produção a aumentar significativamente nestes últimos tempos e têm necessidades de tesouraria acrescidas e a empresas que tiveram quebras de faturação”, dando o exemplo do setor automóvel.

Questionado sobre a eventual escassez de bens essenciais no país, sobretudo nos setores alimentar e energético, Pedro Siza Vieira, afastou para já esse cenário, apesar de admitir que a subida dos preços vai “repercutir-se nos consumidores nos próximos tempos e devemos estar preparados para isso”.

O Governo, adiantou, tem vindo a trabalhar para “reforçar esses ‘stocks’ e a diversificar as fontes de abastecimento, indo a outros mercados, além da tradicional Ucrânia, para procurar fazer o abastecimento destes bens”. O governante deu como exemplo o milho para produção de rações para animais que era, em grande maioria, importado da Ucrânia.

Entre outras medidas de apoio às empresas, Pedro Siza Vieira disse estarem a ser equacionados apoios diretos a fundo perdido, um trabalho que está a ser ultimado em conjunto com a União Europeia.

Questionado sobre a eventual desatualização do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), face às consequências que o conflito entre a Ucrânia e a Rússia está a criar em todo o mundo, o ministro recusou, frisando antes que “o PRR precisa ser executado depressa porque, por um lado, a sua execução vai trazer estímulo económico e possibilidade de crescimento económico e, por outro lado, aposta em coisas decisivas para a sustentabilidade futura” da economia, dando como exemplos a transição energética e a digitalização.

Contudo, face às prioridades trazidas pelo conflito, sobretudo em matéria de acolhimento de refugiados, admitiu que poderá ser necessário redefinir algumas metas do PRR.