Política

Costa afasta remodelação e crise política. E recomenda calma ao PS de Lisboa com Moedas ("a vontade dos lisboetas foi de mudar")

As autárquicas passaram e António Costa meteu a gravata de primeiro-ministro. Fala de uma vitória por "3 a 0", menos que os "4 a 0" de há quatro anos, diz que a "alternância" em Lisboa é "normal" e, sem ser explícito, recomenda aos socialistas que deixem Moedas governar. Quanto ao Governo, não há remodelação prevista, insiste. Nem crise política no Orçamento (diz, citando Marcelo)

ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Na primeira iniciativa com gravata depois das autárquicas, António Costa - de gravata posta - afastou de novo a ideia de uma remodelação: "Pensei que a questão da remodelação estivesse esclarecida desde julho: não está nenhuma remodelação prevista, a única que estava aqui em causa era a remodelação dos autarcas em que os eleitores não renovaram a sua confiança".

As autárquicas marcam uma meia derrota para o PS, perdendo Lisboa e vendo diminuir a vantagem que tinha para o PSD. Mas Costa olha para o copo meio cheio: "O PS continua a ser o maior partido nas câmaras, nas freguesias. Há quatro anos foi 4-0, agora foi 3-0, mas é assim". E pelo meio da conversa com os jornalistas, deixou um conselho de calma aos socialistas para gerir a maioria de esquerda com cuidado na Câmara que, agora, é de Carlos Moedas: "A fase em que me cabia fazer campanha já terminou, agora é a fase de todos aceitarmos os resultados, no caso de Lisboa ganhou o eng. Carlos Moedas. É a chamada alternância democrática, é normal", disse António Costa, depois de questionado se o PS devia ou não obstaculizar a nova presidência de direita na capital". E acrescentou: "A vontade dos lisboetas foi de mudar".

Costa não quis falar de sondagens ("são um debate para as empresas de sondagens"), mas reconheceu que "houve pessoas que mudaram a sua opinião" e que, no fim, a vontade dos eleitores deve prevalecer. Mas admitiu a surpresa: "Claro que sim, creio que toda a gente ficou surpreendida".

Quanto ao Governo, business as usual: "Até agora nenhum dos parceiros estabeleceu uma relação entre as autárquicas e o processo orçamental. Na própria noite de domingo, o secretário-geral do PCP disse-o", lembrou Costa, vincando que "o processo do debate do OE tem de ter um objetivo, que é dar continuidade à melhoria de rendimentos das famílias, ter mais e melhor emprego, ter uma trajetória de crescimento" e "não perder tempo na execução do PRR".

Depois citou Marcelo: "Como disse ontem o Presidente, não é só repor o que perdemos nesta crise, temos a estrita obrigação de ir mais além. Temos o plano 2030, o PRR. As novas gerações exigem que façamos mais e melhor".

Aliás, Costa citou Marcelo outra vez: "O cenário de crise política não faz sentido. O desejo do PR é partilhado por mim e por a maioria dos portugueses. Mas quem é que deseja crises políticas num momento em que o país está a sair da maior crise económica e sanitária. É trabalharmos para entregarmos um bom OE no dia 11".