Com o aproximar das eleições autárquicas, Rui Rio muda o discurso. Depois de admitir que o sufrágio seria decisivo para o futuro do PSD, o líder social-democrata desvalorizou esta sexta-feira eventuais implicações na liderança do partido. Mas garantiu estar "focado no dever" de recuperar câmaras.
"Propus-me ser presidente do partido. Neste mandato, o que há de mais relevante são as eleições autárquicas, que são muito importantes para o PSD e para o país, porque a mudança do país pode e deve ser feita a partir das autarquias. Mas que está em causa não sou eu, é o partido. E [as eleições] não são tudo ou nada no partido. São muito importantes, mas não decisivas", afirmou Rui Rio em declarações aos jornalistas à margem de uma ação de campanha na Amadora, ao lado da candidata Susana Garcia.
Garantindo não estar preocupado com a liderança do partido e recusando comentar o facto de Paulo Rangel – apontado como potencial candidato nas diretas – participar em várias ações de campanha, Rio traça eventuais cenários e faz contas para corroborar a sua tese. "Imagine-se que o PSD perdia 10 câmaras seria muito mau, mas o PSD não acabava. Imagine-se que ganha 10 câmaras? É bom , mas o partido não fica fulgurante no dia seguinte", insistiu.
Confrontado sobre a escolha de Suzana Garcia para a corrida à câmara da Amadora, Rio desvalorizou também a hesitação inicial da direção do PSD e defendeu que a candidata é "excelente" e tem o "perfil exato" face às necessidades da quarta cidade mais populosa do país. "A decisão é tomada pelo secretário-geral que em cada circunstância de encontrar o melhor que temos à nossa disposição. Nalgumas circunstâncias o processo é mais fácil, noutros é menos fácil. É mais difícil, é evidente, há 308 concelhos", começou por sublinhar.
Sobre o estilo da candidata – o qual o líder do PSD já admitiu não se identificar –, Rio ignora tal confissão e saiu em defesa das qualidades de Suzana Garcia e o do seu projeto para a Amadora. "No concelho da Amadora, nós encontramos uma candidata para este efeito excelente. E além disso, uma coisa é aquilo que se vê nos comentários, na comunicação social e, por vezes, até na internet. Outra coisa, é aquilo que os senhores podem apreciar na rua e retirem as vossas conclusões", retorquiu. "A escolha PSD fez esta correta a vamos ver no resultado eleitoral se não temos razão", disse ainda.
Para Rui Rio, as questões de ordem social – como a habitação e a educação – são prioritárias na Amadora, comparando a realidade que encontrou no Porto enquanto autarca. "Sei o mal que é quando não combatemos esta realidade", observou.
Questionado sobre se em vez de Suzana Garcia fazer "tremer" o sistema, sair o PSD a "tremer" destas eleições, Rui Rio respondeu com ironia: "O PSD está sempre a tremer". Aqui a candidata social-democrata interrompeu Rio para dizer que no dia 26 de setembro, "o PSD vai tremer de rejúbilo pelas vitórias que vai conseguir". Instantes depois, entra em contradição: "Só tenho que me preocupar com a minha campanha e com a vitória que vamos ter".